Sacerdócio dos Crentes

     Estudando a Bíblia Sagrada, no que diz a respeito do sacerdócio, vemos que o objetivo de Deus era fazer de cada filho de Israel um “sacerdote” (Êxodo 19.6; Apocalipse 5.10), e evidentemente isso não pode ser cumprido, devido à desobediência e a carnalidade deles. Assim o direito sacerdotal foi conferido a Arão e seus filhos e descendentes (Hebreus 5.4). Para entendermos este versículo muito profundo da palavra de Deus, é necessário que analisemos muitos pontos.

         Considerando coletivamente, o novo “Israel” é um reino. Considerando individualmente, seus membros são todos sacerdotes. No antigo povo de Israel havia para cada família um “sacerdote”, que era o chefe da casa (Ex. Jó). Em seguida, apareceu o sacerdócio como ordem separada, pertencente a uma única tribo. Em nenhum momento, porém, todos os homens foram sacerdotes. Em Cristo Jesus, entretanto, todos os crentes se tornam sacerdotes, porquanto lhes foi obtido, através do evangelho, acesso superior a Deus, o qual também lhes é aberta mediante a missão salvadora de Cristo. (Apocalipse 1.6 comparar com 1Pedro 2.5) Coletivamente, o “Novo Israel”(a Igreja) é uma “casa espiritual”. Individualmente falando, os seus membros são pedras vivas. E Todos formam um “sacerdócio régio”, em que cada indivíduo é um rei, dotado de autoridade majestática, conforme se aprende em 1Pedro 2.9,10. Consideremos abaixo a questão do “sacerdócio de todos os crentes” nos pontos discriminados.

1.     Antes da instauração da lei mosaica, o chefe de família era seu sacerdote(Gênesis 8.20; 26.25; 31.54).

2.    Com o advento da lei, a tribo de Levi (Arão e seus filhos e descendentes) assumiu funções sacerdotais. A promessa feita a Moisés, de que todas os membros individuais da nação de Israel se tornariam sacerdotes (Êxodo 19.5,6). Mas vemos que esse direito foi conferido à tribo de Levi, em razão dessa tribo ter permanecido fiel ao Senhor quanto ao culto idólatra diante do bezerro de ouro (Êxodo 32.1-29). O texto em foco ali, diz que Moisés se pôs em pé na porta do arraial, e disse: “Quem é do Senhor, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi” (Êxodo 32.26).

3.    Dentro da dispensação neotestamentária cumpre-se o ideal de Deus quanto a esta promessa, não adiantam obras e méritos humanos, e, sim, a livre graça divina, que torna cada remido um sacerdote (1Pedro 2.6 e Apocalipse 1.6; 20.6).

  Sacerdócio dos Crentes.

1.     Esse sacerdócio se verifica por direito de primogenitura; quando nos tornamos “filhos de Deus”, naturalmente temos acesso a Deus Pai.

2.    Esse sacerdócio indica acesso superior a Deus(Hebreus 9.6,7). O verdadeiro acesso não pode ser mais obtido por um único homem,o sumo sacerdote; e isso, tocante à expiação, apenas uma vez por ano. O crente individualmente tem acesso ao Santo dos Santos(Hebreus 10,19-22).

3.    O crente, na qualidade de sacerdote, oferece um sacrifício superior:

•    Seu próprio corpo vivo, meio terreno de seu serviço, ou seja, como um santuário para Deus (Romanos 12.1; Filipenses 2.17; 2Timóteo 4.6).
•    O louvor de sua vida e de seus lábios, ele oferece a Deus (Hebreus 13.15).
•   Suas riquezas finaceiras devem ser usadas para benefício do próximo(Hebreus 13.16; Romanos 12.13 comparar com Hebreus 13.2; Gálatas 6.6; 6.10).

4.    Na qualidade de sacerdote, o crente, tal como Cristo e o Espírito Santo, é um intercessor em favor de outros(1Timóteo 2.1-3; Colossenses 4.12).

5.    O sacerdócio leva-nos à comunhão com Deus, que é nosso Pai, segundo se aprende em Apocalipse 1.6. Portanto, o sacerdócio é um meio de comunhão, e, nessa capacidade, um meio conservador da nova natureza, segundo a imagem do Espírito do Senhor(2Coríntios 3.18).

O alvo, pois, é que tenhamos perfeito acesso a Deus, e isso terá de ser conseguido somente através da participação na própria natureza do Pai (2Pedro 1.4). É nisso que consiste a “perfeição”, o que define, para nós, “como” seremos aperfeiçoados (Mateus 5.48). O crente ao aceitar Jesus como Salvador, torna participante de um “sacerdócio real”, isto é, “sacerdócio e realeza” (1Pedro 2.5- 9).